Indígenas estão sendo monitorados por fazendeiros que propagam notícias falsas sobre invasões de terra
Por Assessoria da CGY
Em Guaíra, Oeste do Paraná, um grupo de fazendeiros está aliciando parte da população e comerciantes locais para vigiarem e monitorarem indígenas do povo Guarani.
Na terça-feira (3/10), um micro-ônibus que transportava um grupo guarani foi filmado e fotografado por pessoas estranhas aos indígenas assim que chegou em Guaíra.
O grupo, formado por mulheres, idosos e jovens guarani se deslocava para a aldeia Guarani, onde está sendo realizado um encontro organizado pela Comissão Guarani Yvyrupa que discute violências sofridas por mulheres indígenas em seus territórios.
No caminho, os Guarani fizeram uma parada no restaurante Churrascaria Veneza e novamente foram fotografados por pessoas estranhas. Na saída do restaurante, foram seguidos por um carro.
Em seguida, no trajeto para a aldeia, o motorista do ônibus foi abordado por pessoas que trabalham para fazendeiros locais solicitando informações sobre os indígenas e o propósito do deslocamento.
Moradores da aldeia Guarani também foram abordados e interrogados por pessoas estranhas nas proximidades da aldeia. No caminho para a aldeia um grupo de fazendeiros chegou a se reunir para intimidar os membros da comunidade indígena e visitantes.
A violência e racismo contra indígenas na região Oeste do Paraná já foi motivo de diversas manifestações da Comissão Guarani Yvyrupa junto ao Ministério Público Federal e demais órgãos públicos competentes com intuito de que adotem medidas para proteção das comunidades guarani.
Em resposta à esta ofensiva recente, a CGY formalizou denúncia na Polícia Federal, e solicitou medidas de proteção, acionando também o Ministério Público Federal (MPF), a Defensoria Regional de Direitos Humanos da Defensoria Pública da União (DRDH/DPU), a Fundação Nacional dos Povos (Funai) e o Ministério dos Povos Indígenas (MPI).
Para garantir a integridade física dos participantes durante os dias do encontro, a força policial realiza rondas na tekoha Guarani e fará a escolta do transporte dos indígenas no retorno.
Na região, há tempos os fazendeiros se articulam em grupos nas redes sociais espalhando falsas notícias de invasões de terra e incitando violência contra os indígenas.
Em caso semelhante, a Organização Nacional de Garantia ao Direito de Propriedade (Ongdip) foi condenada em Ação Civil Pública por utilizar seus canais de comunicação e perfis nas redes sociais para condução de uma campanha contra os povos indígenas no Oeste do Paraná.
Os fazendeiros locais, no entanto, seguem insuflando parte da população com narrativas de que os indígenas irão tomar todas as terras na região. Neste cenário, as comunidades Guarani estão cada vez mais acuadas diante de grupos de fazendeiros que monitoram cada passo dos indígenas pela cidade e espalham pânico entre os moradores.