10 de out de 2023 | 16:10
Manual sobre agrotóxicos traduzido para o guarani chega a comunidades no Oeste do Paraná

Parceria entre lideranças avá-guarani e Terra de Direitos contribui no enfrentamento aos impactos do agronegócio nas terras indígenas Guasu Guavira e Guasu Ocoy Jacutinga

Por Assessoria CGY

Um folder que reúne sete passos para denunciar o uso, transporte ou armazenamento de agrotóxicos foi lançado no mês de setembro para circular entre as comunidades Avá-Guarani, que enfrentam os impactos do veneno das fazendas em seus territórios tradicionais, na região oeste do Paraná: 

Acesse o folder MBA´ÉICHA JAJAPO PETEÎ DENÚNCIA AGROTÓXICO OMBYAI VA´EKUEGUI

A publicação detalha os diversos procedimentos, incluindo apontamentos sobre como preparar a denúncia, com orientações sobre a identificação de danos causados e pessoas envolvidas, como descrever uma situação, coleta de provas, para onde/quem enviar um relato, articulação de parcerias e apoios para encaminhamentos, e uma lista de órgãos públicos de saúde, meio ambiente, direitos humanos e agricultura, no estado do Paraná.

Em 2022, o conteúdo base sobre como realizar uma denúncia sobre contaminação por agrotóxicos e orientador da elaboração da cartilha foi publicado no Portal Como Denunciar, onde pode ser conferido na versão integral, em https://contraosagrotoxicos.org/como-denunciar/.

Folder em língua guarani orienta sobre como denunciar contaminação por agrotóxicos

O original, em português, já havia sido apresentado em julho, durante o evento “Yvyrupa: ñande yvy, ñande rete”, que debateu os impactos das monoculturas nas terras guarani e uma troca de sementes agrícolas, na tekoha Ocoy, umas das aldeias na Terra Indígena Ocoy Jacutinga, em São Miguel do Iguaçu (PR), que convive com os efeitos do agronegócio. (Sobre o evento, confira a matéria Encontro ava guarani fortalece variedades tradicionais contra a monocultura da soja, publicada pelo CTI).

Devido ao avanço do agronegócio, as comunidades avá-guarani na região oeste do Paraná, na fronteira Brasil-Paraguai, vivem atualmente confinadas em parcelas de terras cercadas por monoculturas, especialmente a soja, que, além da perda e devastação de terras, causam danos à saúde humana e ambiental com o uso massivo de agrotóxicos pelos produtores rurais. 

A aspersão de venenos das lavouras sobre os territórios descumpre a legislação sobre agrotóxicos, contaminando núcleos habitacionais, solo e fontes de água, com efeitos também na fauna e flora, levando à morte animais domésticos e cultivos agrícolas das roças de subsistência, com grande prejuízo das sementes tradicionais. Um inquérito civil da Procuradoria do Ministério Público em Guaíra apura os casos.

A cartilha de subsídios foi concebida como material de apoio a atividades de formação e panfleto informativo, e é uma iniciativa de Terra de Direitos e Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida, no âmbito de sua atuação junto aos povos e comunidades tradicionais na região.

A versão em guarani foi elaborada numa colaboração entre lideranças indígenas nas terras indígenas Guasu Guavira e Guasu Ocoy Jacutinga e Terra de Direitos, contando com o apoio da CGY e entidades científicas, de direitos humanos e indigenistas parceiras.

Além da defesa da saúde e dos direitos humanos, o material pode ser um instrumento de proteção territorial e de gestão ambiental e territorial de Terras Indígenas.

A ação é uma realização conjunta de Terra de Direitos, Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida, Comissão Guarani Yvyrupa (CGY), Laboratório de Investigações Biológicas (LinBio/Unioeste), Geografia das Lutas no Campo e na Cidade (Geolutas/Unioeste), Observatório da Questão Agrária no Paraná e Centro de Trabalho Indigenista (CTI).

Acesse a íntegra do Folder: